A tragédia do Meco é um soco no estômago. E nos últimos dias tem sido levantada uma discussão sobre as praxes académicas, que me parece conveniente e que deve ser abordada. Eu fui praxada, praxei e guardo as melhores recordações dessa altura. Não acho que a praxe seja a culpada das mortes que ocorreram na praia do Meco mas sim a falta de responsabilidade e de coerência. Como se explica que 7 alunos se decidam a ir para a praia, com o mar revolto, àquelas horas? Como se explicam os relatórios que dão conta deste tipo de actividades ao longo dos anos? E o termo de responsabilidade que os alunos são obrigados a assinar para pertencer à praxe? Não acho que haja 1 culpado. Acho que as 7 pessoas envolvidas no acidente são culpadas pelo que aconteceu e nem sequer acho que isto seja praxe. Acho que entramos num campo muito perto do crime. A praxe é livre, voluntária e deve reger-se pela vontade, pela piada e pelos bons momentos. Sou a favor de maior regulamentação, de regras mais explícitas e de punições firmes para quem não saiba respeitar o próximo.
A publicidade gratuita que tem sido conduzida pela comunicação social deixa-me muito triste. Primeiro, porque as opiniões vêm maioritariamente de pessoas que não viveram a praxe, porque não dão voz a jovens que têm muito a dizer sobre o que é a tradição académica e sobre os aspectos positivos que esta lhes trouxe. Segundo, porque a mesma comunicação social que define a praxe como um acto de "humilhação e pressão psicológica" exibe programas cujo conteúdo consegue ser mais abusivo do que muitas más práticas da praxe.
Acredito que nem todos tenham a mesma opinião positiva sobre o que é a praxe. Acredito que nem toda a gente saiba fazer praxe mas também sei que a grande maioria das pessoas que vivem a praxe, saem dali satisfeitas.
Fiz amigos que guardo para a vida, a timidez deu lugar a espontaneidade e percebi o que é um sentimento de equipa. Felizmente fui praxada, praxei e tenho o maior orgulho naquilo que a tradição académica é.
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